Morangos duram 5 vezes mais tempo com película biodegradável criada na Unesp de Araraquara
Morangos duram 5 vezes mais tempo com película biodegradável criada na Unesp de Araraquara
Tempo de conservação do fruto fora da geladeira passou de 3 para 14 dias.
Uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unesp, em Araraquara (SP), desenvolveu uma película biodegradável que aumenta em até cinco vezes o tempo de conservação de morangos.
Testes mostraram que os morangos revestidos com o bioplástico apresentaram considerável redução na degradação e proliferação de fungos e bactérias, tendo sua vida útil fora da geladeira aumentada de três para 14 dias.
A película desenvolvida a partir de um pó extraído de crustáceos (quitosana), um tipo de gel natural (pectina) e óleo essencial de limão, também é comestível.
É o óleo que confere propriedades antimicrobianas ao biofilme. Além disso, a adição do óleo de limão fortaleceu a estrutura do filme, tornando-o mais resistente e menos suscetível a rupturas. Esse aspecto é crucial para evitar a entrada de microorganismos, água e gases, fatores que aceleram a degradação da fruta.
Pesquisa da Unesp de Araraquara cria película que aumenta em cinco vezes conservação do morango — Foto: Reprodução EPTV
“Além do óleo de limão ser viável economicamente, já que pode ser extraído pressionando a casca da fruta, ele possui conhecida atividade antioxidante e propriedades antimicrobianas. Decidimos incorporar o óleo essencial de limão ao bioplástico para aliar suas propriedades antifúngicas àquelas de barreira dos polímeros (pectina e quitosana)”, explica a pesquisadora Gabriela Abdalla.
A aplicação é simples: as substâncias são misturadas formando um líquido no qual a fruta é mergulhada, ganhando uma película protetora que seca em até 48 horas.
Substância desenvolvida pela Unesp de Araraquara preserva morango por mais tempo — Foto: Reprodução EPTV
Uma das preocupações dos pesquisadores foi com a aparência dos frutos, já que tanto quem vende quanto quem compra leva esse fator em consideração, e se esforçaram para garantir que os frutos revestidos permaneçam atraentes aos olhos do consumidor ao mesmo tempo em que são protegidos de forma eficaz.
O estudo foi publicado na revista científica International Journal of Biological Macromolecules.
A Unesp de Araraquara já havia participado de uma pesquisa semelhante, em parceria com a Embrapa, que desenvolveu uma película invisível capaz de dobrar a vida útil do morango. Nesse caso, a solução era feita com óleos essenciais de hortelã e capim, cera de carnaúba, amido de araruta, e nanocristais de celulose.
Ganho para a cadeia agrícola
Plantio de morangos — Foto: Reprodução/RPC
A película promete reduzir o desperdício alimentar e os custos energéticos associados à refrigeração beneficiando pequenos produtores, feirantes, sacolões, supermercados e a população em geral.
Voltada especialmente para frutas altamente perecíveis, como o morango, a tecnologia promete favorecer toda a cadeia de produção, que normalmente conserva a fruta por meio de refrigeração, revestimentos com plásticos convencionais à base de petróleo e o uso de agrotóxicos. Técnicas que impactam o meio ambiente e representam altos custos.
“Produzir bioplásticos com dois polímeros - pectina e quitosana - gerou um custo mais baixo, do que usar apenas a quitosana. Apesar de poluírem o meio ambiente, os plásticos comerciais à base de petróleo são acessíveis e de fácil manuseio. Deste modo, é essencial desenvolver bioplásticos biodegradáveis tão baratos quanto os plásticos convencionais, pois na hora da escolha, o consumidor vai preferir o produto com menor custo”, disse o professor Rondinelli Herculano, orientador do projeto.
Mesmo assim, o professor reconhece que há um custo para o produtor usar a nova tecnologia.
“Vai haver um custo maior, entretanto haverá maior rentabilidade, ou seja, ao invés de ter uma perda de 50% do morango que é fácil de estragar, ao fazer o recobrimento você pode ter uma perda mínima. Também minimiza a questão do agrotóxico, que é um grande problema que existe no cultivo de frutos e hortaliças”, afirmou.
A pesquisa demorou quatro anos e agora aguarda parcerias comerciais para chegar ao mercado.
Fonte EPTV
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