Porto Ferreira Ontem – A primeira FEIFE (final)
Na entrada, o público recebia atenção de dez recepcionistas, instruídas pela professora Maura C. Migliorini, da Casa da Amizade do Rotary Club
Depois da portaria, cada um dos membros da comissão assumiu as funções. O engenheiro Nilson se responsabilizou pelas adaptações técnicas dos “estandes” enquanto o tesoureiro Adalberto (Béco), por meio de seu Fusca 69, visitava dezenas de empresas, comercializando os boxes expositivos. Muitas vezes, acompanhava-se pelo professor Jadyr Salles. O Sr. Dimas Loureiro, sob consentimento da Cerâmica Porto Ferreira, indústria onde trabalhava, confeccionou todas as esquadrias metálicas necessárias, investimento de materiais útil para as demais feiras. Seguidamente, iniciou-se a reforma do portão principal do Colégio, e sobre ele, conforme lembranças do Béco, adaptou-se uma engrenagem de ferro, para representar o progresso da indústria local. Deste modo, um mês depois, aconteceu uma reunião com vários empresários de Porto Ferreira numa sala da Câmara Municipal (na época, instalada na Prefeitura). Após as discussões técnicas e sugestões, 14 firmas ratificaram participações no evento.
Algumas semanas mais tarde, incumbindo-se da decoração mais adequada, 26 estabelecimentos assinaram contrato, ocupando 1 mil metros quadrados de espaço. Contudo, numa verdadeira expressão de solidariedade, as empresas colaboraram com a comissão e com a Prefeitura, cedendo funcionários e ferramentas para instalação dos “estandes”. Na ocasião, expuseram: Cerâmica Artística Jussara, Cerâmica Porto Ferreira, Cerâmica Peripato, Móveis Clap, Móveis Hans, Móveis JB, Móveis Porto, Móveis Trevo, Artefatos Têxteis Giaccherini, Cardajama – Indústria têxtil, Cia. Industrial Algodoeira Perondi, Vidraria Porto Ferreira (Fábrica de Garrafas), Nestlé, OGI – produtora e distribuidora de produtos cítricos, Frigorífico Imperador, Comércio e Representações Pecuarita, Covel – Comercial de veículos. Em 4 boxes, 8 firmas parceiras expuseram seus produtos: Roca e Colon Móveis, Móveis Santa Terezinha e COF – Cerâmica e ornamentações, Indústria Brasileira de Máquinas Mar Girius e Furnas Chaves Elétricas Industriais, Foto 5 Minutos e Wado´s Fotos. Ainda um “estande” foi dividido para dois clubes de serviços, o Lions e o Rotary. A praça de alimentação ficou sob administração do Tremendão, que montou um bar e restaurante. Já a Cerâmica Artística Goulac e a Deleite, Indústria e Comércio De Leite, divulgadas pelo “O FERREIRENSE” (12.7.1975, p. 1), como parceiras do evento, não se encontram no caderno especial de acontecimentos da FEIFE.
Firmados os contratos com as empresas, em concomitância, a comissão se encarregou de contratar os artistas e o parque de diversões, optando pela empresa de Milton Campos Promoções Artísticas. Para os 9 dias de comemoração, de 20 a 29 de julho, em ordem, cantaram os seguintes artistas: Nelson Ned, Meire Rose, Paulinho e sua Roda de Samba, Valdirene, Ary Sanches, Alvarenga e Ranchinho, Wilson Miranda, Luiz Américo, Adilson Ramos e Wanderley Cardoso. O acompanhamento dos intérpretes ocorreu pelo Conjunto Musical “MC-7” e pelas coreografias de duas “chacretes”. Além dos “shows”, outras atrações preencheram a festa: bandas de música, som ambiente, pequena boate e parque de diversões.
Às 19 horas do dia 20 de julho, com a presença do Secretário do Interior, Deputado Rafael Baldacci Filho e dos prefeitos Jair Della Coleta, Joaquim Lopes Tróia, José Ganeo Filho e Dorival Braga, respectivamente de Araras, Leme, Santa Cruz da Conceição, e Porto Ferreira, aconteceu a abertura da FEIFE 75, um grande sucesso logo na estreia, com a frequência de 6 mil pessoas. Visitaram-na também o deputado Arquimedes Lamóglia representando o secretário da Administração e Trabalho, além dos senhores Ruy Silva, secretário de Cultura, Esporte e Turismo, - o qual se colocou à disposição para auxiliar nas despesas do evento, incluindo-o no calendário turístico do Estado -, Jorge Maluly Neto, secretário do Trabalho e o ex-governador Laudo Natel.
Na entrada, o público recebia atenção de dez recepcionistas, instruídas pela professora Maura C. Migliorini, da Casa da Amizade do Rotary Club, a saber: Beatriz Borelli Zuzzi, Eliana de Cássia O. Penoso, Lucimeire dos Santos, Maria Angélica L. Castelhano, Mônica Ribeiro, Neide Ap. Sanches Simões, Patrícia Braga Ramos, Silmara Bosso Mantovani, Vânia Zuzzi e Vera Marta C. Migliorini. Entre elas, ocorreu uma votação para Rainha da FEIFE, sendo escolhida a jovem Silmara Bosso Mantovani.
Em seguida, os visitantes encantavam a vista com as belas decorações provenientes dos expositores. Segundo “O FERREIRENSE” (26.7.1975, p. 3):
Por apenas 3 cruzeiros (dias úteis) e 5 cruzeiros (fins-de-semana) o visitante poderá percorrer todos os estandes, fazer suas compras, tomar iogurte gratuito (oferecido pela Yog), tomar cafezinho de graça (oferecido pela Nestlé e pelo Setor de Promoção Social da Prefeitura Municipal), levar receitas de frango (oferecidas pelo Frigorífico Imperador), e assistir os shows diários, com início às 21, 30 horas...
De fato, como se percebe na divulgação da época, o evento conquistou a graça da maioria, diante do empenho dos empresários. No local, o visitante apreciava belíssimos móveis maciços; o tear da Giaccherini, em pleno funcionamento; os processos do algodão da firma Perondi; as máquinas de torno revolver automático, fresadora e prensa de 20 toneladas da empresa Mar Girius, em atividade; os tijolos e as telhas, em miniatura, ofertados pela Cerâmica Peripato; e uma mini granja, organizada pela empresa Pecuarita. Podia, ainda, adquirir limão ou uma dúzia de laranjas (Bahia, Lima, Morcote, Pêra e Poncã), por um preço acessível. Do lado externo, na quadra de esportes do Colégio, a Covel expôs 10 veículos da firma Volkswagen. Já na área do Grupo Escolar, o parque de diversões “Coney Island”, possivelmente o melhor até então, segundo o “O FERREIRENSE” (26.7.1975, p. 6), acomodou:
[...] barracas de churros e maçã do amor, jogos de argola com prêmios de refrigerantes, bichos de pelúcia e maços de cigarros, tiro ao alvo, auto pista, jogo esportivo da sorte, carrossel de cavalinhos e de carros, roda gigante, chapéu mexicano, Maria Fumaça e o Trem Fantasma [...]
Cerca de 55 mil pessoas visitaram a FEIFE, número, incrivelmente, superior ao esperado. Conforme “O FERREIRENSE” (2.8.1975, p. 1), a maior concentração foi justamente no último dia, com pouco menos de dez mil pessoas, “mormente nas proximidades do palco, simplesmente, não se podia locomover de tanta gente que ali se acomodava”. As filas, de um lado, atingiram as proximidades da rodoviária, e do oposto, três quarteirões adiante, pela rua Nelson Pereira Lopes. Em consequência, o professor Jadyr Salles abriu os portões laterais para a entrada dos visitantes com ingressos.
Após o sucesso obtido, comprovado pela frequência de inúmeras pessoas de cidades vizinhas e pela grande quantidade de munícipes, os expositores, com suas esposas, mais os membros da comissão organizadora, o prefeito, a imprensa e demais convidados participaram do jantar de confraternização. Dorival Braga fez a entrega de cartões de prata aos empresários e a comemoração se encerrou quase às 2h do dia 30 de julho, quarta-feira. Em referência ao balanço financeiro, o movimento das vendas alcançou 1 milhão de cruzeiros, proporcionando entusiasmo, sobretudo, às fábricas de móveis, para o bis da FEIFE.
Como conclusão, os comentários elogiosos figuraram em diversos jornais da região, e o Poder Legislativo ferreirense, através do então presidente Syrio Ignatios, ratificou o benefício que a feira trouxe ao município, por se destacar em nível nacional.
É inegável o empreendimento do Chefe do Executivo, ao criar a Feira Industrial Ferreirense. Ora, não há melhor divulgação para a prata da casa, numa época em que o turismo de negócios, simplesmente, engatinhava. A ocasião de promover “shows” de relativo conceito, por meio de artistas renomados, conhecidos e apreciados por grande massa popular, com a apresentação dos produtos naturais de Porto Ferreira, principiou um movimento certeiro em níveis comercial e cultural. O evento veio ao encontro da valorização dos trabalhos ferreirenses, da identidade local. No entanto, conforme alguns testemunhos de frequentadores, a quantidade de pessoas, de acordo com as notas do único semanário da época, foi excessiva. Lamentavelmente, não encontrei o arquivo da documentação protocolada na Prefeitura, em 1975, após a feira, pelo tesoureiro da comissão, limitando as informações às publicações do jornal, o que resulta na impossibilidade de discriminar os reais numerários auferidos pela festa.
Com grande destaque, o vice-prefeito, Caetano Peripato, exercendo a chefia do Executivo, baixou uma portaria para a Comissão Permanente da FEIFE, instituindo o professor Jadyr Salles, como presidente. Em resposta, através de ofício veiculado pelo “O FERREIRENSE”, Salles não assumiu a função, agradecendo “pelo apoio emprestado à sua atuação”.
Curiosidades musicais
A melhor apresentação foi a do cantor Luiz Américo, o qual se destacou com o samba “Fio da Véia”, repercussão de 1975. Meire Rose, uma cantora pouco famosa, por ter se iniciado na fonografia naquele mesmo ano, também caiu na simpatia das pessoas. Sorte esta não teve Paulinho e sua Roda de Samba, grupo desconhecido que não causou impacto. Todos os cantores, exceto Wanderley Cardoso, cederam autógrafos, posaram para fotografias e passearam pelas dependências da feira. Wanderley, tão esperado pelos milhares de visitantes, não permaneceu por mais de meia hora no palco. Cantou pouco, contou duas piadas e encerrou a apresentação, não permitindo qualquer tipo de acesso público.
Por Miguel Bragioni
Pesquisador da história de Porto Ferreira
P. S.: considerando a finalidade de difundir a história desta cidade, por entendimento mútuo, os sites portoferreirahoje e portoferreiraonline começam a divulgar em concomitância a coluna semanal “Porto Ferreira Ontem”. Congratulo os mantenedores dos sites pela decisão e pelo espírito institucional e responsável de avivar os acontecimentos registrados na história ferreirense.
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Fotos: 1- Cartaz da primeira FEIFE 75 (foto de Paulo Sérgio Pissinatti; acervo do Sr. Benedito Leonel Filho; 2- Portão de entrada da primeira FEIFE, 1975; 3- Silmara Bosso Mantovani, Rainha da FEIFE 1975, acervo do Museu Histórico e Pedagógico “Prof. Flávio da Silva Oliveira”. Artigo extraído dos capítulos 23 e 24 do livro Aspectos Históricos de Porto Ferreira, Vol. 1.
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