Conforme o jornal “A FOLHA” (5.3.1904, p. 6), “E´ o hotel mais antigo d´esta villa”. Em 1897, aparece como proprietário o senhor João Marques dos Reis, permanecendo até 1900.

De acordo com Francisco Dias de Almeida, o Chico da Gazeta, (24.2.1963, p. 6), João Marques dos Reis:

 “era proprietário de um hotel, que teve nome pelo conforto que oferecia aos hospedes e pensionistas. A sua esposa era muito dedicada e inteligente, estando sempre atenta aos interesses do estabelecimento. O João Reis, com muita saudade do velho Portugal, entrou para a banda de musica, pouco aparelhada, e nela tocava, com entusiasmo, procurando trazer para a gente de Porto Ferreira, as mais lindas composições musicais de sua terra. Foi muito sentida a sua transferência para Descalvado, onde certamente teria desistido de suas velhas canções.”

Em 1901, o estabelecimento foi adquirido pelo italiano Brazzo Casali. Contudo, não há detalhes sobre o período em que o imigrante se manteve na administração, devido à ausência de números dos domicílios nos documentos consultados.

A dificuldade de esclarecimento repousa no fato de que em 1906, o português Joaquim Pinto Cortez, conhecido como “Joaquim da Eira”, inaugurou seu hotel na rua 15 de Novembro (Av. Engenheiro Nicolau de Vergueiro Forjaz, esquina da Rua Cel. João Procópio), e, segundo apontamentos, foi o terceiro proprietário do Hotel dos Viajantes. Talvez, a negociação entre os imigrantes ocorreu em 1906, como descrevi, ou após a morte de Casali, 1909, considerando a conhecida pensão administrada por sua esposa, Rosa, instalada ao lado da casa da família de Ignácio de Almeida, na mesma via.
Sob gerência de Joaquim, o comércio mudou de nome para “Hotel Luzitano”, e, de acordo com o professor João Teixeira (2009, p. 85), passou a ostentar:

[...] na parede externa do prédio, do lado esquerdo da porta de entrada do hotel (rua 15 de Novembro), confeccionado no próprio reboco, o Brasão das Armas de Portugal colorido com as cores naturais, tendo ao lado direito o mastro para a bandeira do Brasil e do lado esquerdo o mastro para a bandeira de Portugal.
As bandeiras eram hasteadas nos dias de feriado nacional.

Segundo o professor João Teixeira, em ordem cronológica, os proprietários e arrendatários foram:

1- João Marques dos Reis
2- Brazzo Casali
3- Joaquim Pinto Cortez
4- Serafim Joaquim Miranda
5- Conrado Castelani
6- Paulo Lange
7- Moema Lavrador
8- Estevão Pereira
9- Sebastião Corvillo
10- Júlio Cheffer (a partir de 01/07/1949)
11- Luiz Gonzaga Zacharias
12- Ernesto Dickfeldt
13- Antonio Henrique Fortunato da Silva
14- José Pereira
15- Gilberto Bastos
16- Edson de Jesus
17- Ruberval e Maria Olga Cheffer
18- Sob administração dos filhos de Ruberval.

Curiosamente, ainda segundo o professor Teixeira, hospedaram-se no hotel ilustres personalidades do País, destacando: o ex-presidente Washington Luiz, o ex-prefeito do Distrito Federal Antonio Prado Júnior, o senador Procópio de Araújo Carvalho, o senador Ignácio Uchôa, a pianista Guiomar Novaes, o deputado João Procópio Sobrinho, o professor Sud Mennucci, o ex-governador Adhemar de Barros, o ex-vice-governador Dr. Erlindo Salzano, o monsenhor Moysés Nora, os artistas Mazzaropi, Sérgio Reis, Tonico e Tinoco e tantos outros.

Desde há algumas décadas com a denominação de Hotel Cheffer, pertencente à família de Júlio Cheffer, destaca-se como o mais antigo estabelecimento do ramo em Porto Ferreira, contendo inúmeras alterações em seu edifício.



Por Miguel Bragioni
Pesquisador da história de Porto Ferreira

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