

Porto Ferreira Ontem – Porto Ferreira teve um senador: Procópio de Carvalho
Por Miguel Bragioni
Pesquisador da história de Porto Ferreira
Filho do capitão mineiro Joaquim Procópio de Araújo e de Marianna Balbina de Meirelles, nasceu em Casa Branca, SP, no dia 3 de maio de 1861. Iniciou seus estudos no Colégio Culto à Ciência de Campinas, prestando exames preparatórios para o curso anexo à Faculdade de Direito.
Em 1883, casou-se com sua prima Olympia de Souza Meirelles, em Aiuruoca, MG. O casal não teve filhos.
Alguns anos depois, em 1901, foi registrada a transferência de terras entre os irmãos Procópio e Cornélio, das Fazendas Capão Bonito e Santa Marianna. Assim, como herança, o agricultor recebeu um quinhão de terra calculado em 974 alqueires e preservou o nome de Fazenda Santa Marianna.
Por meio de seus empreendimentos, avançados para a época, tal como o destaque na produção cafeeira e a postura filantrópica, Procópio de Araújo Carvalho conquistou, rapidamente, o mais alto título honorífico concedido pela Guarda Nacional: coronel.
De fato, foi uma importante autoridade para os municípios da região, pois sempre atuou em favor de seus progressos. Em Santa Rita do Passa Quatro, por exemplo, os antigos diziam que quando o coronel Procópio chegava ao município, a banda o acompanhava, resultado este de seu renomado prestígio e admiração pública.
Sócio-proprietário da “Casa Procópio”, comissária em exportação de café, da empresa “João Procópio, Irmãos & Cia.”, da cidade de Santos, fundada em 1882, Procopinho, como era conhecido, possuiu ações no Banco Comercial do Estado de São Paulo e na Companhia Paulista de Estradas de Ferro, sendo um de seus diretores, de 1928 a 1932. No bairro Albinópolis, em Santa Rita, há uma estação de trens que o homenageou post-mortem.
Diante de sua popularidade e filantropia reconhecidas, tornou-se vereador, em 1896, e chefe de governo de Porto Ferreira, de 1899 a 1901; deputado, a partir de 1913, pelo PRP, representante do oitavo distrito da Câmara Estadual; e senador, a partir de 1925, sendo deposto pela Revolução de 1930. Sua comissão, na Câmara dos Deputados, tratava da Agricultura, Colonização e Imigração, Minas e terras devolutas.
Fazendeiro de grande relevância, Procopinho foi dono de vários milhões de pés de café encontrados em suas grandes propriedades rurais nos municípios de Porto Ferreira, Mococa, Ribeirão Preto, Orlândia e outros.
Benfeitor das igrejas matrizes de Santa Rita do Passa Quatro (foi paraninfo na inauguração do templo) e de Pirassununga (após 12 anos de paralisação da construção da igreja, Procopinho doou valiosa soma de dinheiro para o término da obra; a gratidão dos pirassununguenses pode ser observada na lateral direita da entrada do templo, através da homenagem gravada em rica placa de metal). Ajudou também as santas casas dos citados municípios.
Sobre a Igreja de São Sebastião, o benfeitor doou, segundo Nora (1904, p. 1), “o sino grande, fôrro e pintura da Igreja, e 700$000 reis para a ereção da torre que desabou em 1902”. Mais tarde, em 1920, reformou-a, completamente, sob suas expensas.
Um dos responsáveis pela criação do município ferreirense, Procópio de Carvalho fez uma intervenção junto ao Governo do Estado, para a instalação do Grupo Escolar de Porto Ferreira, atual EMEF “Sud Mennucci”.
Antes do término da construção da escola, foi indicado, por meio de requerimento na Câmara Municipal, para se tornar o patrono do recinto escolar, mas, aparentemente, abriu mão da honraria. No discurso de lançamento da pedra fundamental da escola, em data não revelada, o professor Henrique da Mota Fonseca Júnior, convidado a se pronunciar sobre o ato solene, afirmou, publicamente, que:
[...] Deste grupo destacam-se como elemento principal a figura sympathica e insinuante do Exmo. Sr. Procopio de Araujo Carvalho,- a quem Porto Ferreira já muito deve, e por alguns, com muita justiça cognominado-o pae de Porto Ferreira.
Outras atuações são notórias: apoiou a construção do primeiro trecho de tubulações destinadas à seleta de águas servidas. A 11 de março de 1915, através de sua solicitação, foi instalada em Porto Ferreira a Coletoria Estadual. No mesmo ano, segundo a “Revista Comemorativa do Cinquentenário de Pôrto Ferreira” (1946, p. 11), “por trabalho realizado pelo senador Procòpio é inaugurado o novo prédio do posto policial” (antiga cadeia, onde hoje, funciona o Museu Histórico e Pedagógico “Prof. Flávio da Silva Oliveira”).
Atendendo ao pedido de seu particular amigo, Dr. Carlindo Valeriani, em julho de 1923, doou uma fortuna para a construção de um Hospital que homenageia sua mãe, Dona Balbina. Da inauguração até o seu falecimento destinou litros de leite, provenientes de sua fazenda, socorrendo sempre o nosocômio e garantindo melhorias, através de diversos donativos.
Em abril de 1924, graças à amizade com o Presidente do Estado, Dr. Washington Luiz Pereira de Souza, influenciou na construção da estrada de rodagem, trecho que compreende os municípios de Porto Ferreira e São Carlos.
Em novembro do ano seguinte, assumiu o cargo de presidente honorário da Conferência de São Vicente de Paula, quando de sua fundação, entidade responsável pelo resguardo aos necessitados.
Como homenagem, os ferreirenses emprestaram seu nome, destinando-o a uma rua central: rua Cel. Procópio de Carvalho. O mesmo ocorreu na cidade de Pirassununga. No entanto, Procopinho abdicou seu nome, solicitando que se fizesse a honraria ao seu pai, Joaquim Procópio de Araújo, em face das benfeitorias que realizou no município durante a última metade do século XIX. Quando senador, em 1926, recebeu o afeto dos descalvadenses ao se tornar patrono de uma rua. No entanto, com a revolução de 1930, o nome da via foi alterado para Rua Vinte e Quatro de Outubro.
Vitimado por novo ataque de bronquite, quando se recuperava, Procópio de Araújo Carvalho faleceu em São Paulo no dia 30 de dezembro de 1932, sendo enterrado em Santa Rita do Passa Quatro, logo na entrada no cemitério municipal, em um túmulo descomunal com a disposição dos demais.
Com o falecimento de Procopinho, sua esposa pediu aos parentes e amigos que transferissem as doações de flores em espécie, a ser destinada ao Hospital Dona Balbina e à Santa Casa de Santa Rita do Passa Quatro. De acordo com “O FERREIRENSE” (15.1.1933, p. 2), o hospital ferreirense recebeu 970$000 (novecentos e setenta mil réis).
Acumulou uma incrível fortuna, mesmo depois da queda do café e da Revolução de 1930. Segundo Guimarães (1937, p. 89), sua empresa era “a maior e mais conceituada firma commissaria de café de Santos”.
O professor Teixeira (2009, p. 49) defendia um considerável argumento em suas publicações e em falas sobre o passado ferreirense: “[...] Sempre afirmo, se não fosse o prestígio político do senador Procópio de Carvalho e do dr. Carlindo Valeriani, o nosso município teria sido extinto”.
Por Miguel Bragioni
Pesquisador da história de Porto Ferreira
* (extraído do capítulo 31 do livro Aspectos Históricos de Porto Ferreira, vol. 1).
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