Filho de Joaquim Procópio de Araújo e de Marianna Balbina de Meirelles, a Dona Balbina, Cornélio nasceu em Aiuruoca, Minas Gerais, provavelmente, na década de 1850.

Durante a década seguinte, seus pais se mudaram para a região de Pirassununga, SP, e adquiriram, anos depois, uma área de terra que passou a se chamar “Fazenda Santa Marianna”.

Influenciado pelo pai, administrador de propriedade agrícola, e descendente dos Meirelles, grandes agricultores e criadores de animais, Cornélio não tardou para demonstrar o interesse pelos negócios, conquistando, desde jovem, lugar de destaque na produção cafeeira.

Casou-se com sua prima, Maria Gabriela Diniz Junqueira, na década de 1880.

Da união nasceram os seguintes filhos:
1- Maria das Dores, casada com o comandante Francisco Junqueira Oliveira;
2- Maria Gabriela, esposa do doutor Gabriel Ribeiro dos Santos;
3- Joaquim Procópio, casado com Maria Andrade;
4- Cornélio (faleceu em 15 de maio de 1926);
5- Marianna, esposa do doutor Francisco da Cunha Junqueira;
6- João Procópio Sobrinho, casado com Maria Martins de Andrade;
7- Procópio;
8- Mariano, casado com Helena Carneiro Leão;
9- José;
10- Paulo, casado com Isaura S. A.;
11- Mauro (faleceu em São Paulo, a 19 de outubro de 1926).

Como sócio de seus irmãos da Casa Procópio (João Procópio, Irmãos & Cia.), comissária em exportação de café da cidade de Santos, SP, Cornélio se firmou no Estado de São Paulo como notável produtor, através de suas fazendas e do elevado número de cafeeiros.

Em Porto Ferreira, por exemplo, com a divisão da propriedade de seus pais, herdou o quinhão de terra denominado Capão Bonito, com 609 alqueires e 248 mil pés de café. Curiosamente, nesta fazenda, existiu uma grande colônia conhecida como “São Cornélio”. Sem dúvida, uma homenagem dos colonos ao coronel.

Contudo, de maneira inusitada, faleceu em 22 de outubro de 1909, deixando órfãos jovens filhos.

Em sua lembrança, diversas honrarias foram prestadas, por meio de variadas moções. São indispensáveis ao registro alguns fatos:

Em 1916, seu filho João Procópio Sobrinho, gentilmente, construiu sob suas expensas o primeiro jardim público de Porto Ferreira: a Praça Cornélio Procópio. Cumpriu, assim, a indicação feita pelo coronel João Procópio, em ofício encaminhado à Câmara Municipal, três anos antes.

Já no Estado do Paraná, uma intrigante situação aconteceu:

Segundo consta, o doutor Francisco da Cunha Junqueira, genro de Cornélio, possuiu uma gleba no norte do Estado, conhecida como “Laranginha”; tempos depois, rebatizou a propriedade com o nome de Santa Mariana, em homenagem a sua esposa (nome idêntico da antiga propriedade da família de Marianna Procópio de Araújo Carvalho Junqueira, a Fazenda Santa Mariana). Com a inauguração de duas estações de trens em suas terras, “Santa Mariana” e “Cornélio Procópio” - esta no km férreo 125 -, Junqueira decidiu lotear a área rural a fim de transformá-la num município.

Entretanto, por meio de forças políticas e revolucionárias, o empreendedor perdeu o poder, mas o idealismo continuou a ganhar o respaldo e a mobilização dos moradores locais, sobretudo, de considerável número de colonos.

Com a vinda de Antonio Paiva Júnior e de Francisco Moreira da Costa, a fundação do município Cornélio Procópio foi possível em 1938. No mesmo ano, instalou-se o distrito de Santa Mariana, o qual se emancipou em 1947.

Entre as inúmeras homenagens que acresce seu currículo, a cidade paranaense foi tema de música: a moda de viola Cornélio Procópio, de autoria do compositor Palmeira, gravada nos estúdios da RCA Victor em 9 de junho de 1953, sendo interpretada pela dupla Palmeira & Biá, cuja letra atesta o município como a capital mundial do café, atributo inerente à localidade.

Túmulo

De acordo com o professor Flávio da Silva Oliveira (2005, p. 67), no Cemitério Velho Municipal de Porto Ferreira, “Cemitério da Saudade”, o desaparecimento do túmulo de Cornélio, assim como de tantos outros, causou certo desconforto:

[...] No entanto, nele deviam existir túmulos mais antigos, que desapareceram com o tempo aliado ao abandono, quando não pela negligência ou pelo vandalismo interesseiro. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o túmulo de Cornélio Procópio, identificado por uma cópia em mármore de” La Pietá”, de Miguel Angelo. Exumados e transferidos seus restos mortais há tempos, a famosa e valiosa obra de arte foi desnecessariamente destruída a fim de deixar vago o local para outro sepultamento.

A fim de facilitar futuras pesquisas, informo que os despojos mortais transferidos do cemitério ferreirense pertenceram ao Cornélio Procópio de Araújo Carvalho Filho. O jazigo de Cornélio (Pai) está no Cemitério da Consolação, sobressaindo neste uma arte tumular de mármore intitulada “Últimas Rosas”, a qual faz parte de um roteiro turístico para apreciação pública.*

• (artigo extraído do capítulo 30 do livro Aspectos Históricos de Porto Ferreira, vol. 1).

Por Miguel Bragioni
Pesquisador da história de Porto Ferreira

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