Arcebispo emérito de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero, no Vaticano, dom Claudio Hummes afirmou na tarde desta segunda-feira (11) que a renúncia do papa Bento XVI é “um gesto de muita sabedoria e muita humildade. Hummes será um dos cinco cardeais brasileiros que irão participar do conclave para eleger o substituto de Bento XVI, que anunciou que encerrará o seu papado no próximo dia 28 de fevereiro. “Basta imaginar o que significa o posto que ele ocupa para todos os católicos do mundo. Então, é um gesto de muita sabedoria e de muita humildade. Em um mundo tão complexo como o de hoje, é preciso estar em boas condições físicas para ser o papa”, declarou. De acordo com o cardeal, a renúncia não é “uma anomalia, uma anormalidade”, tanto que Bento XVI já havia antecipado esta possibilidade em uma entrevista a um jornalista alemão, na qual declarava que um “papa pode e deve renunciar” se, depois de muita reflexão, considerar que não tem condições de prosseguir na função. “A partir daí, logo depois dessa entrevista nos primeiros anos do papado, se levantou essa suposição (de uma possível renúncia de Bento XVI)”. Apesar disso, dom Claudio Hummes disse que “foi uma surpresa, sim, sobre muitas formas”. “Mas (a renúncia) faz parte do direito canônico atual. Os motivos da renúncia não são dramáticos. Ele renuncia por uma fragilização muito grande da saúde em decorrência da idade avançada”, ressaltou. Além de dom Cláudio Hummes, outros quatro cardeias deverão votar para escolher no novo papa a partir de março: dom Geraldo Majella Agnelo, de 79 anos, arcebispo emérito de Salvador; dom Odilo Scherer, 63 anos, arcebispo de São Paulo; dom Raymundo Damasceno Assis, de 76 anos, arcebispo de Aparecida; e dom João Braz de Aviz, de 65 anos, ex-arcebispo de Brasília. Cardeais acima de 80 anos não votam, mesmo fazendo parte do Colégio Cardinalício do Vaticano. Dom Claudio Hummes defende que os cardeais brasileiros conversem antes de seguir para a Roma para participar do conclave. “Os cardeais eleitores têm de conversar entre si, a escolha do novo papa tem de ser fruto de muita conversa, de muita reflexão, de muita iluminação. Temos também de rezar muito antes da escolha, por causa da responsabilidade do voto. Mesmo em Roma, serão três dias de muita reflexão, de palestras, de conversas com os demais cardeais eleitores”, disse. Segundo ele, não houve tempo para conversas no conclave anterior devido ao compromisso com os ritos funerários de João Paulo II. Para dom Claudio Hummes, o conclave deve escolher um papa que não seja muito jovem, como ocorreu com João Paulo II, e nem muito idoso, a exemplo de Bento 16. “O ideal seria um meio termo”, disse.